Febre do Rato

Sei não, eu podia começar dizendo - E tem aquela do... – e emendar com uma piada qualquer, dizendo que seria verdade. Mas, depois, Seu Zé e Dona  Maria poderiam sair por aí dizendo que eu estava mentindo. E aí ? Como eu não sou de desmerecer a consideração que me é dada por eles, confesso minha fonte de nova expressão agrestinesca. Quem poderia ser se não a minha indefectível secretária para assuntos domésticos?  Dona Secreta. (eita, indefectível é ótimo) .
Pois bem, entre uma tarefa doméstica e outra. Ou melhor dizendo, entre uma conversa e outra, pois ela não para de falar um minuto. Basta alguém lhe dizer - Boa tarde, como vai a senhora ? – Pronto, coitado de quem disse  isso, pois não vai mais faltar assunto por toda a tarde. E geralmente eu digo. Também pudera, ela chega la em casa duas vezes por semana e eu estando em casa, tenho que pelo menos dar um boa tarde.
E la vou eu tergiversando. Volto ao assunto primeiro.
Enquanto Dona Secreta espanava uma estante, evidentemente falava e falava. Entre tantos assuntos  ela me dizia sobre o desleixo da filha ao cuidar do filho pequeno, e reclamava – Apois olhe, em num intendo como uma mulé já passada, com vinte e oito ano já completo, num sabe cuidar dum minino de  cinco. Essa semana eu disse a ela que num era possive, ela num tava cum a “febre do rato” de num saber ainda fazer um mingau direito pro minino. O pariceiro do minino se esgoelando de fome e a danada sem saber fazer o mingau direito. Mas num há quem agüente uma coisa dessa. Mas também, deitada eu tava no sofá e deitada fiquei.
Olhe Seu Zé, olhe Dona Maria, se eu não saio da sala quase correndo pra anotar a expressão eu acho que ainda estaria ali, escutando o próximo assunto, e o próximo, e o próximo...
Embora não adiante muita coisa, pois se ela não der por terminado, ela vai atrás de mim pra terminar a conversa.

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