Desabafo linguístico


Gosto não, quando chega alguém pra falar comigo, me olha com uma cara de preguiça ou obrigação, estende a mão e saca - E aí? – e vai com interrogação mesmo porque é sempre num tom de pergunta.
Eita, pense numa vontade de dar uns croques, parece que nada há a dizer, ou então está sem assunto, ou é do tipo que gosta de fofocas e aquilo é como se dissesse – Estou pronto, sou todo ouvidos, me fale tudo.
Dá logo vontade de soltar um palavrão e mandar se socar num rolo de papel higiênico. “Eaí?” um cacete. Se não quer conversa me evite, se quer fofocar vá pra outra freguesia, se não tem nada a dizer passe adiante. Vou ficar muito sem graça e sem qualquer resposta diante dessa jóia linguística  que nada quer dizer. Essa locução idiota simplesmente me deixa sem palavras e totalmente sem estimular qualquer emoção, ou melhor, estimula sim, me leva a raiva pela falta de criatividade e ao silêncio pela morte da linguagem.
Enfim, termino sem dizer nada e provavelmente respondo com um sorriso amarelo, sem a menor graça e totalmente falso. Com o mesmo significado que me causa a tal expressão “E aí?”.

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