Nem tanto ao mar
As montanhas
sempre me encantam mais que o mar.Alguns até poderiam dizer que elas, as
montanhas, são muito paradonas, impassíveis, e o mar não, tá sempre em movimento,
tem barulho próprio, é mais dinâmico. Mas, talvez até por isso elas me agradem
mais.
O mar é meio temperamental, se agita facilmente e com a sua grandiosidade
e força sempre se impõe assim logo de cara. Confesso que amo passear a
beira mar, sentindo a areia e a água nos pés; ver o nascer do sol e da lua no mar,
sempre é encantador, como também dormir escutando o suave barulho das ondas é sempre
agradável. Mas, para mim as montanhas são essenciais. Contemplá-las em meio as
suas majestosas paisagens é se sentir parte dessa natureza, as vezes tão desprezada pro
nós mesmos. Olhar as montanhas é perceber a grandiosidade e ao mesmo tempo a
sutileza da criação. Apreciar as montanhas é sentir a humildade verdadeira do
poder.
Elas, em sua aparente passividade, se entregam aos ventos, se deixam
vestir de relvas ou florestas, recebem neve e chuvas, se sentem acariciadas por
raios solares e luares mágicos, se deixam invadir por rios calmos ou
caudalosos, por riachos frágeis, são celeiros de fauna e flora inimagináveis e se
entregam aos nevoeiros por entre seus cumes, como se produzissem sonhos pra si
e pra todos nós, e ate se deixam penetrar por mares bravios e se cortarem por
terremotos e raios poderosos. Apenas se entregam aos acontecimentos naturais e
os recebem de bom grado formando depois paisagens magistrais que podem ao mesmo
tempo nos acalmar ou cortar a respiração de tanta beleza.
Sou sim mais que
apreciador das montanhas, me rendo totalmente aos seus encantos e nuances que
nos proporcionam visões, cheiros, audições e sentimentos insubstituíveis. E
principalmente a certeza de um dia também nos entregarmos a elas e nos
misturarmos aos doces mistérios da natureza sempre divina, sempre perfeita. E
seremos então, montanhas, mares, planetas, estrelas, infinito.
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