De tantas formas


Às vezes me sinto em como.
Num fluir de lucidez que me assusta.
São partes de mim em franco derramar
respirando cada momento,
como se um simples sabor de mar
em pleno transbordamento.
Tem tanto riso escondido
Tanto choro contido
Tanto prazer sem sentido
Tanto querer desmedido
E um só amor
que se desapega de mim,
como um bem fugitivo.
Olho pra todos os lados e saio pra rua, correndo,
nessas horas o lar me expulsa e me corrói por dentro.
Saio em busca de olhares que me vejam,
vendo em mim todo o suor da camisa molhada de tanto
respirar, correr, sonhar, de quase morrer.
Qual nada, morrer sem razão aparente,
como se viver, não bastasse à própria morte.
Qualquer hora volto pra casa
de carona com a sorte.
Pronto, tudo se refez.
Me garanto assim,
basta-me ser só um ser
De cada vez

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