A Ilíada, uma mini odisseia
Um amigo me ligou, pedindo para
procurar um livro antigo que ele não estava conseguindo encontrar na sua
cidade. Era o livro “A Ilíada”, de Homero, numa edição comentada, de uma
determinada editora e com estas peculiaridades, estava difícil encontrar tal exemplar.
Saí em busca do dito cujo, indo ao conhecido Sebo da cidade onde moro. O
mencionado Sebo funciona num grande galpão coberto, com várias cabines
individuais, separadas por quadrados de madeira e vendedores se misturam aos
livros nos corredores e dentro das cabines. É aquele clima bem típico de Sebos,
com montes de livros e revistas distribuídos em ordens diversas, que só cada
vendedor de cada cabine sabe dizer exatamente onde se encontra cada obra da sua
“livraria”. Ao me aproximar do galpão, fui abordado por três moças que me
perguntaram quase ao mesmo tempo.
- Vai comprar livro moço?
Parei um pouco e lembrei que era
início de ano letivo, por isso as moças estavam tentando conquistar os clientes
logo na calçada, informando que dispunham dos vários livros escolares para o
ano em curso.
Eu disse que estava indo procurar
um livro, mas não era livro escolar.
Uma delas disse logo.
- Certo, mas eu tenho literatura
também, venha cá. Qual é o livro?
- A Ilíada, de Homero. –
Respondi.
Já me conduzindo para a entrada
do Sebo, assim que entramos no corredor ela falou mais alto, se dirigindo para
uma determinada cabine lá na frente.
- Mamãe, veja aí se tem Lia de
Homério.
Arregalei um pouco os olhos e fiz
um ar de riso, enquanto procurava ver quem era “Mamãe”, mas não consegui
descobrir. De repente ouvimos a voz de “Mamãe”.
- Esse tem não.
Um senhor, que estava ao lado,
deve ter ouvido o diálogo e disse logo em seguida.
- A Ilíada, de Homero. –
Corrigindo a moça, assumindo a conversa e gritando mais alto ainda, em direção
à ultima cabine – Otávio, vê se tá aí ainda aquele livro A Ilíada, de Homero,
que tu tinha aí, pra esse senhor aqui. – Apontando pra mim.
A moça me largou no meio do
corredor e fui em busca do provável Otávio que tinha um provável exemplar do
pretendido “A Ilíada”. Descobri logo o Otávio que acenava para mim. Cheguei lá,
no Otávio, enquanto ele procurava numa estante, no interior da sua cabine.
Logo chegou com um exemplar nas mãos e me entregou, dando as primeiras
indicações sobre o livro.
- Tenho esse, uma adaptação da
Ilíada, com ilustrações.
Segurei o livro nas mãos e vi que
não era bem o que procurava. Expliquei que queria o tal Ilíada, de uma edição
comentada, com tradução elaborada e de uma determinada editora. Otávio recebeu
o livro de volta, disse que entendeu o que eu procurava e me disse.
- Acho difícil encontrar um desse
por aqui na cidade viu. Acho que no Sebo, encontra não. Se encontrar até eu
compro.
Saí e avisei ao amigo que não
tinha o livro por aqui.
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