Sentido da vida ou vida sem sentido ?
Uma das perguntas mais chatas que existem nesse mundo é:
Qual o sentido da vida? Tem horas que a gente não sabe nem para qual lado da
rua se vai, quanto mais saber o sentido desse louco viver. Mas, queira ou não, em
alguma uma hora, a danada da pergunta nos chega, seja numa conversa de bar, num
papo cabeça, numa reunião filosófica, entre um cochilo e outro no ônibus, ou
até numa conversa romântica regada a vinho que na certa vai terminar em sexo.
Não sei nem para que ficar fuçando o pensamento e gastando neurônios buscando
entender o que não precisa ser entendido, se o viver já é a única opção que
temos, enquanto temos. O pior é quando o assunto nos pega bem na hora de dormir,
aí tira o sono e o sossego na maior facilidade, melhor ir preparar logo um chá
de camomila, um remédio para dormir ou arranjar alguém para dividir a noite
porque a conversa vai longe e sem qualquer conclusão, a não ser que o sono volte.
Como a criatura humana gosta mesmo de complicar, seja o assunto que for, não
adianta, quanto mais simples a questão mais se perde o interesse, o negócio é
arranjar detalhes e incrementar o debate, inventar conversas, teorias
mirabolantes, reviravoltas inesperadas, provocações desnecessárias e pronto, a
celeuma está armada e claro, divulgar nas redes sociais com fotos e vídeos
aleatórios dos quais talvez uns dez por cento tenham a ver com o assunto.
Chega a ser engraçado como nós, os humanos, somos
desencontrados. Nascemos totalmente dependentes dos outros, para comer, beber,
vestir, manter a higiene, tratar das doenças, aprender a falar, andar,
escrever, socializar, etc. Ou seja, enquanto crianças precisamos uns dos outros
o tempo inteiro. Aí chega a adolescência, continuamos precisando mais ainda dos
pais, parentes, educadores, para nos mantermos vivos mas, nessa idade
aborrecente somos os tais, achamos que sabemos de tudo e dizemos não precisar de
ninguém, todos os outros são atrasados, de mente fechada e ninguém nos entende,
queremos mais é ficar sozinhos nos achando diferentes de todo o resto, enquanto
ao mesmo tempo procuramos nossa turma para formar bandos de adolescentes
diferentes que se vestem todos parecidos, criando modas passageiras, consumindo
muita porcaria e, evidentemente teclando sem parar, escravizados pelas redes
sociais e buscando mais gadgets e tecnologias modernas e fúteis, com o nível
intelectual beirando a burrice total, principalmente se o celular estiver fora
do alcance das mãos. Continuando na dependência uns dos outros viramos adultos
responsáveis, ou não, com posicionamento político, social, religioso e se
enchendo de preconceitos, de vícios, dependências e desvios de conduta. Viramos
ricos esnobes, pobres soberbos, idealistas de mentira, políticos corruptos,
traficantes, facistas, sacerdotes hipócritas, pastores idem e por aí vai,
seguindo cada vez mais consumistas que se acham o máximo sendo superiores a
todos os outros , querendo ter mais e mais bens e posses, se enaltecendo na
internet e em todos os apps, instagramando-se cada vez mais e ansiosos pelo
metaverso sem nem saber direito do que se trata.
Aí então, num dia de tédio,
ou de ressaca, ou de ódio de alguém, ou de inveja, ou por estar se sentindo
para baixo por não ter ou não poder comprar a mais recente tecnologia, ou de
tristeza por não ter conseguido dar uma rapidinha com o crush que apareceu de
repente, ou frustrado por o colega de trabalho ter sido promovido ao melhor
cargo, ou chateado por o cabelo do outro ser “melhor” que o seu, ou raivoso por
aquele lá ter um celular mais avançado que o seu, ou encrencado por três das
suas traições terem sido descobertas, ou abusadinho por ter sido descoberto
fazendo um desvio de grana na firma, ou puto da vida por a pizza estar
atrasada, enfim, por quaisquer razões humanas as mais ridículas possíveis mas,
com suas justificativas particulares perfeitamente plausíveis para cada caso,
aí então, nesse exato dia se resolve pensar na porra do sentido da vida. Sinceramente,
não é melhor arranjar uma sacola de roupa para lavar e depois tomar um
cafezinho esperto?
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